Por Mauricio Salkini.

O Linkedin tem sido minha rede social de inspirações e reflexões acerca do mundo do trabalho, sendo o gráfico abaixo, luz potente para escrita, a respeito das expectativas versus realidade da empresa, do funcionário e dos clientes.

Foto e inspiração: Adriana L no Linkedin¹.
SE ILUDINDO COM A EMPRESA NOVA
Nossas elevadas expectativas para a empresa contratante são fruto da nossa carência. Diz o poeta e professor Sady Bianchin que os seres humanos são carentes na sua essência e buscam as relações para preencher essa lacuna. Trabalhadores reunidos nunca construirão algo perfeito. O trabalho refletirá a humanidade nas suas facetas - de ótimas a desprezíveis. Teremos argumentos a respeito das propagandas de bem estar no trabalho que assistimos diariamente. Ora, meu caríssimo leitor, ninguém faz publicidade de problemas e conflitos. Quando uma companhia resolve divulgar-se como um empresa bacana para trabalhar, quer conquistar nossa simpatia, para na hora do consumo decidirmos por ela. Eu e você também não divulgamos as nossas limitações e/ou dificuldades para pretendentes, no momento do flerte, por exemplo.
CHOQUE DE REALIDADE
Guarde a expectativa da empresa perfeita e vá fundo centrado nas suas competências, nas suas entregas e nas suas potências. Repeti a palavra "suas" para dar ênfase a responsabilidade individual na construção da saúde no trabalho. Perspectiva egocêntrica? Pode ser que sim. Creio na intenção individual como proteção para chefes assediadores e ambientes tóxicos. Não resolverão o caso deles - chefe e ambiente, esse é um problema que está acima da sua possibilidade.
Tem empresa com “selo” GPTW² (Melhores Empresas para Trabalhar), como se fosse o paraíso empresarial. Só teoria para "investidor ver". Na prática são BPTW³ (Bad Place to Work). Terão suas contradições descobertas? "Não sei, não quero saber, e só gera raiva em quem sabe"4. Se posso sugerir algo seria gastar menos grana com imagem e mais investimentos em realidade. Resultados a qualquer preço tornam as empresas em organismos frágeis a crises.
“Que excelência é essa que pouco ou que nada luta contra as discriminações de sexo, classe, de raça, como se negar o diferente, humilhá-lo, ofendê-lo, menosprezá-lo, explorá-lo fosse um direito dos indivíduos ou das classes, ou das raças ou de sexo em posição de poder sobre o outro”5(Freire 1992, p. 94-95).
Existem colaboradores que entregam o mínimo e tem expectativas máximas, e são muitos. Os chamo de carentes e ruins de serviço. Não há treinamento possível, porque ele participará com exigência máxima para com o treinador e dedicação mínima da parte dele, “baixa a bola, o jogo é de botão”.6
Sem expectativas elevadas e entendendo que eu, você, seu amigo que você compartilhará esse texto, e as nossas esposas formamos grupos de trabalhos imperfeitos, contraditórios e com tensões desnecessárias. Simplesmente porque é da natureza humana esses desvios e dificuldades.
Na gestão das minhas operações procuro simplificar conceitos que levem transparência e harmonia ao time. A fofoca, por exemplo, explicamos que é falar algo para alguém, que sabidamente não é o responsável por resolver a questão. Se o seu contracheque tem erro e você falou com quem resolve ok, se disse para o colega, que tem ciência não ser o solucionador daquele dilema é fofoca. A prática mostrou que funcionou!
A entrega, acima da média, e a sua energia (do bem) te conectará com pessoas e oportunidades com a mesma frequência. Aquela empresa e aquele chefe ficarão no passado, com registros do que não fazer. Alguns dirão que você dá muita sorte. Realmente é sortudo aquele que sublima as pancadas desnecessárias da vida e toca para frente.
Enquanto consumidor também vale a pena reflexões a respeito das expectativas. Aquela empresa se propõe a este tipo de serviço, com esse nível de entrega? Cobrar o prometido, na velocidade combinada e pelo preço tratado faz a relação de consumo ser mais serena e pacificada. Assisto clientes em lojas de departamento solicitando atendimento individual, sem ser a proposta da loja, causando estresse nos atendentes e desconforto no próprio cliente.
Nascendo a serenidade nas relações de trabalho e de consumo nos cabe pensar sobre comportamentos no momento da rescisão do contrato de trabalho. Eita trem para gerar dor de cotovelos. Nas empresas quando o colaborador pede demissão, por encontrar remuneração ou clima ou chefe melhor, fica normalmente o gosto amargo de ser preterido. Sei de casos que a companhia não deixa o funcionário terminar o expediente. O remédio nesse caso pode ser valorizar o crescimento na carreira do antigo funcionário, mostrando para seu atual elenco que atuar ao seu lado abre portas qualificadas. Escolhi o caminho de acatar a virtude da empresa formadora. Que tal?
Os ruídos também acontecem quando o funcionário é demitido, normalmente constrói a frase: “a demissão tudo bem, mas (coloca algum erro na condução do RH ou do chefe). Esse erro no processo de comunicação ou condução alivia de culpa o demitido. Será?
Penso que empresas são organismos vivos, com necessidades de mudanças, submetidas a atitudes tóxicas de suas lideranças. Trabalhar na cultura da empresa faz com que as pessoas passem, mas os combinados de urbanidade fiquem, trazendo admiração pela oportunidade ofertada pela empresa (veja foto abaixo).

‘’Se você colocar o ser humano no centro da sua empresa, seus humanos clientes te colocarão no centro das escolhas deles – para trabalhar e/ou para consumir’’
Nos casos do sistema de franchising é ainda mais latente o cuidado com a cultura, o jeito de ser e fazer, para que cada cliente, independente do estado que esteja consumindo, sinta-se na mesma sintonia, que a franqueadora escolheu como identidade.
O Felipe Palace, em sua mensagem de whatsapp, devidamente autorizada de ser compartilhada, nos sinalizou que o caminho escolhido é virtuoso. Compartilho com alegria o alcance deste nível de relacionamento, principalmente para declarar ser possível, viável e lucrativo o modelo do bem com a galera que rala contigo. Vale a pena!
5. Freire (1992, p. 94-95)
6. Ditado que ouvi na aula de Pedagogia Social da Profa. Dra. Margareth Martins.

Mauricio Salkini é Consultor Sênior em negócios da GASS Solutions RJ - BRA, atua há mais de 30 anos na gestão de varejo, como executivo e empresário. Estuda, debate e escreve o tema como pesquisador (UFF) prático (franqueado Rei do Mate e Kopenhagen).
Identifica na cultura de gestão uma possibilidade do lucro consciente e perene, ou seja, o ESG do Varejo ou Varejo Social. Administrador, especialista em Pedagogia Social (UFF), professor e conselheiro da franqueadora Rei do Mate. Coautor do livro "Melhores Práticas em Gestão com Pessoas" e livro da coleção da Pedagogia Social.
Vencedor do Prêmio Ser Humano ABRH-RJ 2019 com o projeto Treinamento Cult – Qualificação Profissional, Responsabilidade Social e Experiência Cultural. Poeta, Conselheiro biênio 2021/22 do Conselho Municipal de Educação do município de Niterói e Podcaster - Trilogia Saudável.
Responsável pela implantação de mais de 15 franquias (supermercado, dentro de transporte aquaviário, estações de transportes - metro, trem e barcas, shopping e loja de rua), atua no sistema de franchising desde de 2006.
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