Por Mauricio Salkini.
Escuto debates de tamanho do estado, com desejos de estado mínimo, discursos de corrupção, sem apontamentos de onde seriam as diminuições possíveis, e o quanto essa economia aliviaria o orçamento. Me parece uma expressão bonita de defender: “Estado Mínimo”. Para quem está bem resolvido o Estado pode atrapalhar, eu concordo, mas os governos existem também para quem dele necessita – saúde, escola e segurança. Ninguém garante que os poucos servidores serão honestos, e se diminuirmos os órgãos de controles podemos aumentar a corrupção.
Atendo ao leitor deste artigo ao me declarar defensor do Estado Competente.
Cito como competência o governo que instalou câmeras de CFTV em toda a cidade turística e comunicou a população, que tranquilizou esse turista escritor: “pode ficar à vontade, nossa cidade é totalmente filmada e os bandidos sabem que serão identificados e presos com muita rapidez. Os roubos não acontecem!” Ufa, que passeio tranquilo e definido como “melhor investimento em segurança que já tinha visto”. Incluo a licitação pública, para as bikes compartilhadas, como golaço dos governos. Liberou espaços, viabilizando as estações e ofertando a população (moradores, turistas, trabalhadores e entregadores de aplicativos) transporte ecologicamente perfeito e com melhoras na saúde de quem os usa, pedalar faz bem. Ainda com investimento privado por ter espaços de publicidade. Gol de bicicleta!
Quero mais escolas públicas de qualidade, políticas inteligentes de segurança, quero que iluminem mais e de forma econômica as ruas por onde a população caminha. Em épocas de pandemia quero mais (em quantidade e qualidade) sistema público de saúde, mobilidade urbana mais inteligente, quero mais espaços públicos de cultura com políticas de inclusão social, desejo mais atendimentos sociais que tirem os seres humanos do desalento das ruas. Quero todas essas melhorias imediatamente.
Poderíamos comparar a quantidade de servidores por habitantes do nosso país com os países que comparam os pedintes do mínimo de estado. Os números mostram que não temos servidores em excesso, temos classes especificas de servidores privilegiadas. Existem órgãos públicos improdutivos e deles poderíamos nos livrar. Um olhar mais atento a folha de pagamento dos governos mostrará que pagamos muito dinheiro a uma quantidade pequena de servidores. O papo não é análise de orçamento, mas a defesa do voto na competência de gestão pública.
Existem receios que cruzam eficiência estatal com ditadura ou perda de liberdades democráticas. Por saírem do mínimo para o governo máximo, citam a China, a finada União Soviética e Cuba. Esses povos perderam suas liberdades pelo poder das armas, não pelas mãos de governos civis competentes. A cada exemplo de ditadura pelo “estado máximo” te entregarei um exemplo de nação com estado democrático competente. Acrescento que o Estado Mínimo já existe, por exemplo, na cidade do Rio de Janeiro, que tem mais de cinquenta por cento do território dominado pela Poder Paralelo, ou o tráfico e/ou a milicia governam a vida de mais da metade dos cariocas. Esse “governo marginal” roubou os territórios, define quem comercializará dentro das comunidades e impõe a informalidade geral e irrestrita. Esse estado perverso, mínimo e carioca impede a assiduidade das crianças na escola, determina horário possível de entrada e saída de moradores, e cria insegurança em quem trabalha nos serviços públicos.
Defendo um estado que tenha diálogo com os setores da economia, como o franchising, que eu atuo. Temos poderio de contratação em quantidade, em velocidade de reação (o varejo tem a reação econômica mais rápida a recessões) e empregamos os jovens com baixa escolaridade, por nossas atividades serem de simples execução. Imaginem fomento para os empreendedores expandirem seus sucessos por meio de franquias pelo Brasil. Quantas lojas a mais alugadas e contratação de funcionários com empregos diretos e indiretos. Eu defendo a atuação do estado fomentando a economia.
Podemos privatizar ou não, mas essa decisão demandará números, pesquisas e estáticas. Investimentos nas pesquisas do IBGE, por exemplo. Nosso instituto de pesquisa é admirado no mundo e conta com um quadro de servidores que devolvem a sociedade cada centavo investido. A necessidade das decisões estratégicas comprova que o estado deve ter competência, até para não deixar de realizar o Censo demográfico, luz para definição das políticas públicas.
Os defensores do Estado Mínimo citam os avanços das telefônicas/internet privatizadas como exemplo de ineficiência dos governos. Concordo integralmente, só que incluindo o enterro das nossas ferrovias na conta da privatização dos transportes de massa rodoviário, chamados de transportes públicos, mas totalmente operados por empresários poderosos. Acrescento a privatização das estradas rodoviárias, sem contrapartida de investimentos em trilhos, nos roubando horas em engarrafamentos.
O MUNDO TOTALMENTE PRIVADO Seria o motoboy, acionado por aplicativo, machucado na labuta, fosse atendido em hospitais particulares, com tratamento totalmente custeado pela empresa líder de mercado, incluindo as questões previdenciárias. Assim eu compreenderia a ausência do estado no tema. Já calculamos os custos dos acidentes de trabalho no mundo do delivery por aplicativos? A tecnologia fragilizou os entregadores por aumentar a oferta de trabalhadores e diminuiu os ganhos a ponto de expor a jornadas impossibilitando o sono e a alimentação adequados.
A REALIDADE dos motociclistas acidentados, entregadores de delivery, é atendimento por hospitais públicos, o famoso “SUS”. Aciona-se o INSS para recebimentos de benefício social. Transformamos o trabalhador em “beneficiário” e depois contabilizamos déficit da Previdência Social. Teremos menos médicos nas emergências dos SUS? Menos escolas de formação profissional que possibilitaria uma trajetória profissional ao entregador de delivery?
Voto em quem me entregar propostas de reequilíbrio nas relações econômicas e sociais, por exemplo dos taxistas e dos motociclistas com os aplicativos. Pode ser em forma de aplicativos concorrentes (SPTaxi, Taxi.Rio e Valeu) aos líderes de mercados, que as prefeituras do Rio de Janeiro, São Paulo, Maricá e Niterói ofertaram ao mercado. Veja que esses governos são de partidos diferentes, de lados diferentes (direita, centro e esquerda), mas agiram a favor dos trabalhadores e dos empresários/lojistas/taxistas. Os passageiros das cidades do Rio, de Niterói e de Maricá utilizam o mesmo aplicativo, em uma integração que aplaudo de pé, como exemplo de senso publico e bom uso dos nossos recursos.
O discurso do estado mínimo pode ser cult ou intelectualizado, mas insuficiente para a complexidade atual. Meu voto não é pelo tamanho, mas em quem sabe produzir resultados!
MAURICIO SALKINIé administrador, poeta, palestrante e empreendedor desde de 1994, com experiência em franquias: Bobs, Kopenhagen e Rei do Mate. Participa do Conselho de franqueados (RM) do Rio de Janeiro. Implantou mais de 15 negócios no franchising, localizados em shopping, supermercado, rua e estação de transportes – barcas, trem e metrô. Inovou na operação de franquias dentro das embarcações Rio X Niterói, um verdadeiro desafio marítimo, e em projetos vencedores do Prêmio Ser Humano ABRH-RJ: Treinamento Cult (2019) e Primeiro Trabalho Decente (2021). Reconhecido (2022) pelo Selo Diversidade/ Prefeitura Municipal de Niterói (RJ), na área de Direitos Humanos, pelo desenvolvimento de trabalhos com a juventude preta e mulheres em posição de destaque na empresa. Produz conteúdo diariamente no Linkedin, conciliando Empreendedorismo com questões sociais, propondo para os franqueados/ Varejistas avanços práticos e sustentáveis na pauta ESG, debatendo sustentabilidade, DEI e greenwashing. Tem artigos publicados na revista RPS/ Universidade Federal Fluminense, e nos portais: Central da Franquia e Grupo RH-LF. Escreveu artigos para os livros: “Pedagogia Social – Educação sem fronteiras” e “As melhores práticas em Gestão de Pessoas” (org. ABRH-RJ). Colunista semanal do jornal Tribuna da Imprensa Livre.https://linktr.ee/msalkini
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